Minissérie

Em desenvolvimento

Gênero: True Crime LGBTQIA+/ Drama

6 episódios - 60 minutos

se essa rua fosse minha

Sinopse

A minissérie "se essa rua fosse minha" é baseada em fatos reais e conta a história de um crime bárbaro, com requintes de tortura e sadismo, em 2006, na cidade do Porto, em Portugal, praticada por uma turma de 14 amigos adolescentes contra uma transexual brasileira chamada Gisberta.
Envolvente, impactante, dramática e perversa, são alguns dos adjetivos que podem ser usados para descrever a história desse crime que abalou a opinião pública mundial, mas especialmente Portugal e Brasil. 
Queremos contar essa história, não só para relembrar os horrores pelos quais essa transexual passou no fim de sua prematura vida.
Queremos contar essa história também como um grito de alerta, um grito de liberdade e um grito resistência pela diversidade e pelo direito de sermos o que realmente desejarmos ser.

Foi após a morte de Gisberta, em 22 de fevereiro de 2006, o legislativo português criou uma série de leis voltadas para a igualdade de gêneros, com o objetivo de garantir a pessoas trans maior acesso à Justiça, à educação e ao emprego. 

O título "se essa rua fosse minha", refere-se ao movimento LGBTQIA+ que surgiu na cidade do Porto com ativistas da Marcha do Orgulho do Porto, em lembrança da história de Gisberta, para dizer que a comunidade trans tem orgulho da sua rua, e a tornará cada vez mais sua.

Storyline

"se essa rua fosse minha" conta a história de Gisberto Salce Junior que aos 14 anos, depois da morte do pai, avisou sua mãe de que queria ser mulher e se tornou Gisberta, mulher trans, que com medo das agressões sofridas pelos transsexuais na época da ditadura no Brasil, se muda para França e em seguida para Portugal onde se estabelece na cidade do Porto. Em Portugal fez shows e virou uma profissional do sexo até que contraiu AIDS. Sem poder trabalhar, virou indigente e se abrigou em um prédio abandonado. Foi abordada por três adolescentes, um dos quais ela já conhecia que prometeram ajudá-la e inicialmente foi isso que aconteceu. Até que a solidariedade virou ódio e Gisberta começou a ser torturada. Em 2006, após vários dias de agressões físicas e sexuais, vítima de transfobia, por parte de um grupo de 14 rapazes entre os 12 e os 16 anos, acabou morta num fosso, no Porto, aos 45 anos. Os adolescentes foram a julgamento, e receberam penas brandas. Após sua morte, Portugal

Dados sobre a transfobia

Há quinze anos, Portugal despertava para a crua realidade da intolerância e do ódio contra os homossexuais.

Gisberta transformou-se em símbolo da discriminação múltipla: imigrante ilegal, transexual, prostituta, sem-teto e soropositiva. Seu assassinato causou um profundo impacto na sociedade portuguesa. Gerou o debate sobre a transfobia, mudou o olhar para as questões da igualdade de gênero. Abriu o caminho para transformações que garantiriam maior inclusão e direitos aos homossexuais e transgêneros.

"O assassinato da Gisberta estabeleceu um antes e um depois em Portugal. Mudou a maneira como a sociedade olhava para as mulheres trans, mudou o modo como a imprensa cobria os transexuais, estimulou a criação de leis que tratassem da igualdade de gênero", afirma à BBC Brasil o ativista português Sérgio Vitorino, do movimento social Panteras Rosa.

Além das lei criadas após a morte de Gisberta, para garantir a igualdade de gêneros, com o objetivo de garantir a pessoas trans maior acesso à Justiça, à educação e ao emprego, foi aprovada também a concessão de asilo a transexuais estrangeiros em risco de perseguição.
Mesmo Portugal estando entre os quatro países que mais respeitam os direitos das pessoas LGBTI+, durante 2019, cerca de metade das situações denunciadas neste observatório constituem crimes ou incidentes motivados pelo ódio contra as pessoas LGBTI+ em Portugal. Do espaço público ao doméstico, passando pelo acesso a bens e serviços, no local de trabalho ou nas escolas, existem evidências da prevalência deste tipo de discriminação em todo o tipo de contextos e grupos etários. Apesar do impacto psicológico e social destas ocorrências sinalizado pelas vítimas, apenas um terço apresentou uma queixa junto das entidades responsáveis, alegando desvalorização, desconhecimento ou descrença no seu papel. Em muitas das situações, as testemunhas optaram por não intervir. (Segundo a Associação ILGA – Portugal)

Já no Brasil, a situação é bem diferente. O Brasil registrou ao menos 80 assassinatos de pessoas transexuais no primeiro semestre de 2021, segundo relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). O levantamento aponta ainda que ocorreram nove suicídios, 33 tentativas de assassinatos e 27 violações de direitos humanos nesse mesmo período.

A Antra ressalta ainda que, em 2020, a entidade encontrou um número recorde de assassinatos de travestis e mulheres trans, com 175 casos. “O país naturalizou um processo de marginalização e precarização para a aniquilação das pessoas trans”, alerta. “O ciclo de violência que afeta travestis e mulheres trans se assemelha na medida em que a morte é o ponto final de uma série de violações anteriores”, acrescenta o boletim da Antra.

Em muitos países as pessoas LGBTQIA+ são condenadas à morte. Os números continuam alarmantes. 

Diante de estatísticas tão temerárias, "se essa rua fosse minha" é uma história que merece ser contada, para que, no mínimo, não se repita atrocidades praticadas contra ela.

Escrita por Ecila Pedroso

Direção de Michele Lavalle